Legados de criança

Meu nome é Valentin Nameikos, sou de origem plebéia. Minha família nunca foi rica ou nobre, pelo contrário sempre servimos os nobres de forma um pouco diferente. Minha família é especializada em disfarces e espionagem, sempre que nossos senhores precisavam lá estávamos nós infiltrados em campos inimigos descobrindo os planos de guerra. Eu nunca fiz isso, claro, era muito pequeno quando meu pai foi pego em uma dessas espionagens e acabou sendo partido em pedaços e posto em um cavalo para galopar até em casa dentro de uma cesta. Minha mãe ficou obcecada por vingança e logo se ofereceu para ir no lugar de meu pai falecido. O nobre a mandou, porém, nunca mais tivemos notícias dela. Com certeza algo tão ruim quanto o que aconteceu com meu pai foi o que acontecera a ela. Meu irmão mais velho cuidou de nós, trabalhava infiltrado na guilda de ladrões da cidade entregando todos aqueles ladrões que passavam do limite. Bem, devem imaginar que um dedo duro dentro de uma guilda não dura muito se descoberto, não é? Depois que perdemos nosso irmão mais velho, lá estava eu e minha irmã, sozinhos no mundo sem idade para fazer nada e aprender nada, apenas chorar e implorar por comida para os vizinhos foi ai que aprendi a roubar. Por mais que me esforçasse para que minha irmã não passasse fome, ela sempre passava pois eu nunca conseguia o suficiente e justamente este fato me levou a buscar a guilda de ladrões da cidade, sim, a mesma que matou meu irmão. Depois de dois anos dentro da guilda sendo de pura confiança eu fui até o chefe da guarda e firmei um acordo. Primeiro entreguei os homens infiltrados na guarda para que assim eu não fosse delatado. Fiquei sem espionar para a guarda mais três meses, para que eles não desconfiassem de nada, depois comecei a dedurar os ladrões que por diversão assassinavam suas vítimas quando roubavam. Depois comecei a dedurar os que roubavam dos pobres, mas a milícia sempre queria mais, eles queriam o líder e eu não podia entregá-lo. Foi depois de dedurar o irmão do líder que aconteceu o que eu temia, fui descoberto. Eu estava envolvido em um grande roubo de uma casa nobre e apenas eu sobrei para dizer onde os outros tinham enterrado tanto dinheiro, por isso ele não me matou, mas mandou buscar minha pequena irmã e a fez em pedaços bem na minha frente. Não, não tinha ninguém para ajudar, não tinha ninguém por nós, apenas a dor. Então eu jurei matar aquele desgraçado e todos dentro daquela guilda. Jogaram-me no calabouço da guilda e lá eu fui torturado em busca da informação enquanto sofria de culpa e saudade de minha jovem e inocente irmã. Um dia disse onde estavam às coisas e que apenas eu saberia olhando o local, eles me levaram junto amarrado e quando cheguei ao local e apontei. Desenterraram o tesouro e abriram sem querer uma brecha para minha fuga enquanto discutiam quem ficaria com quanto e quanto o líder levaria. Fugi o mais rápido que pude e fui até o chefe da milícia, este falou para que eu entrasse na cela em forma de uma proteção dos ladinos, eles nunca mandariam me matar se eu estivesse preso, eu ingênuo não desconfiei de nada e quando entrei, ele me trancou com um sorriso bobo e disse que eu era burro, que o líder iria pagar uma bela quantia em dinheiro para que ele cortasse minha cabeça. Ali pensei que estava tudo perdido, que eu morreria e minha família deixaria de existir por causa da traição, jurei que se eu saísse dessa eu nunca mais trairia ninguém, que minha honra e palavra nunca mais precisariam ser questionadas e quando menos esperei o homem do lado de minha cela me chamou a atenção. Ele me olhava com um ar interessado e me perguntou o que estava acontecendo comigo. Quando o respondi disse que se eu aceitasse ser discípulo dele ele me tiraria dali e me treinaria. E assim aconteceu, ele me treinou me ajudou em minha vingança contra a guilda e os corruptos da milícia e no fim me mandou sair pelo mundo para que ganhasse experiência na profissão e um dia voltasse a ele para que ele me ensinasse os seus segredos mais sombrios, como ser um assassino.